KEN WILBER
Pensamentos sobre A Sombra e o Eu Renegado
"É surpreendente que eu possa negar meu eu, que possa pegar partes do meu self, de minha identidade e empurrá-las para o outro lado da fronteira do self, na tentativa de negar a existência desses aspectos do meu eu que são, talvez, negativos demais, ou muito positivos, para que os aceite. Porém, empurrá-los para longe não faz com que desapareçam; apenas os converte em sintomas neuróticos dolorosos, sombras de um eu renegado que voltam para me assombrar, quando olho no espelho do que mais me perturba no mundo externo, e vejo apenas a sombra de meu eu renegado..."
"(...) Sempre que renego e projeto minhas qualidades, elas aparecem "por aí", onde me assustam, me irritam, me deprimem e me obcecam. Reciprocamente, em novo entre dez casos, as coisas no mundo que mais me perturbam e irritam em relação aos outros são, na verdade, minhas qualidades sombrias (minha sombra), que agora são vistas como "externas".
"(...) A experiência dolorosa demonstrou várias vezes que a meditação simplesmente não chegará à sombra original, e pode, de fato, até mesmo exacerbá-la.
Entre todos os maravilhosos benefícios da meditação e da contemplação, ainda é difícil deixar passar despercebido o fato de que até mesmo meditadores experientes ainda têm consideráveis elementos sombrios. Talvez seja porque, segundo eles, não meditaram tempo suficiente. Quem sabe mais 20 anos? Talvez seja porque a meditação não resolve o problema."
"(...) Os estudiosos da psicologia da meditação há muito conhecem dois fatos importantes que pareciam completamente contraditórios. O primeiro é que, na meditação, a meta é desprender-se de ou não se identificar com qualquer coisa que surja. A transcendência é, há muito, definida como um processo de não-identificação.
"(...) Pode-se resumir isso sucintamente: a não-identificação com um self reconhecido é transcendência; a não-identificação com um self renegado é dissociação dupla.
A meditação consegue fazer ambas."
"Onde havia o Id, deverá existir o ego - então, depois que isso acontece, pode-se transcender o ego. Porém, tente transcender o ego antes de dominá-lo adequadamente, e veja a sombra aumentar. Contudo, se essa identificação ocorreu primeiro de modo saudável, então a não-identificação pode ocorrer; caso contrário, a não-identificação resultará em mais dissociação."
Ken Wilber
Espiritualidade Integral
Uma Nova Função para a Religião Neste Início de Milênio
São Paulo: Editora Aleph, 2006
Pensamentos sobre A Sombra e o Eu Renegado
"É surpreendente que eu possa negar meu eu, que possa pegar partes do meu self, de minha identidade e empurrá-las para o outro lado da fronteira do self, na tentativa de negar a existência desses aspectos do meu eu que são, talvez, negativos demais, ou muito positivos, para que os aceite. Porém, empurrá-los para longe não faz com que desapareçam; apenas os converte em sintomas neuróticos dolorosos, sombras de um eu renegado que voltam para me assombrar, quando olho no espelho do que mais me perturba no mundo externo, e vejo apenas a sombra de meu eu renegado..."
"(...) Sempre que renego e projeto minhas qualidades, elas aparecem "por aí", onde me assustam, me irritam, me deprimem e me obcecam. Reciprocamente, em novo entre dez casos, as coisas no mundo que mais me perturbam e irritam em relação aos outros são, na verdade, minhas qualidades sombrias (minha sombra), que agora são vistas como "externas".
"(...) A experiência dolorosa demonstrou várias vezes que a meditação simplesmente não chegará à sombra original, e pode, de fato, até mesmo exacerbá-la.
Entre todos os maravilhosos benefícios da meditação e da contemplação, ainda é difícil deixar passar despercebido o fato de que até mesmo meditadores experientes ainda têm consideráveis elementos sombrios. Talvez seja porque, segundo eles, não meditaram tempo suficiente. Quem sabe mais 20 anos? Talvez seja porque a meditação não resolve o problema."
"(...) Os estudiosos da psicologia da meditação há muito conhecem dois fatos importantes que pareciam completamente contraditórios. O primeiro é que, na meditação, a meta é desprender-se de ou não se identificar com qualquer coisa que surja. A transcendência é, há muito, definida como um processo de não-identificação.
"(...) Pode-se resumir isso sucintamente: a não-identificação com um self reconhecido é transcendência; a não-identificação com um self renegado é dissociação dupla.
A meditação consegue fazer ambas."
"Onde havia o Id, deverá existir o ego - então, depois que isso acontece, pode-se transcender o ego. Porém, tente transcender o ego antes de dominá-lo adequadamente, e veja a sombra aumentar. Contudo, se essa identificação ocorreu primeiro de modo saudável, então a não-identificação pode ocorrer; caso contrário, a não-identificação resultará em mais dissociação."
Ken Wilber
Espiritualidade Integral
Uma Nova Função para a Religião Neste Início de Milênio
São Paulo: Editora Aleph, 2006
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