Parece-me que todas as nossas tristezas são momentos de tensão que consideramos paralisias porque já não ousamos viver nossos sentimentos que se nos tornaram estranhos; porque estamos a sós com o estrangeiro que nos veio visitar; porque num relance, todo o sentimento familiar e habitual nos abandonou; porque nos encontramos no meio de uma transição onde não podemos permanecer. Eis por que a tristeza também passa: a novidade em nós, o acréscimo, entrou em nosso coração, penetrou no seu mais íntimo recanto. (...) Não podemos dizer quem veio, talvez nunca o venhamos a saber, mas muitos sinais fazem crer que é o futuro que entra em nós dessa maneira, para se transformar em nós mesmos, muito antes de vir acontecer.
Rainer Maria Rilke,
Cartas a um jovem poeta, Rio de Janeiro, Globo, 1986.
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