Hoje é dia 8 de março e comemora-se o Dia da Mulher. A você, meu abraço e carinho.
Dedico esta mensagem a você, mulher atual que está aí, na luta pela sobrevivência. Quero também fazer aqui uma homenagem especial a uma mulher pioneira na área da Psicologia, alguém que começou seu trabalho há muitos séculos: no início do Renascimento: à Santa Teresa de Ávila, irmã carmelita descalça do século XVI que, corajosa e sabiamente, foi a primeira doutora da igreja a estudar a alma em todos os seus recônditos e moradas.
Sim, uma "Doutora" que trabalhou incansávelmente em suas teses, apesar das idéias da época e da temida inquisição.
Esta brava e destemida irmã não se contentou em viver a clausura, foi além.
Declaradamente mística, escreveu teses profundas sobre a alma humana, muito antes de Freud, Adler e Jung.
Podemos considerá-la a primeira psicóloga também, já que [pysiquê], vem do grego e significa "alma": seu objeto de pesquisa tão profundamente explorado.
Teresa de Ávila escreveu um livro delicado e, ao mesmo tempo, tão revolucionário, que deveria se constituir em nosso livro de cabeceira: Castelo Interior ou Moradas. Nesse livro, nos mostra as moradas do ser, a alma enquanto centro, a realidade do "si-mesmo", os arquétipos da alma, enfim, preciosidades que poderíamos - hoje - iniciar a leitura, para fins de nutrição da alma.
Teresa pertence ao século XVI, ao início do Renascimento. Com a Reforma, portanto, ela estava ligada à aurora dos tempos modernos e das ciências do homem, época em que apareceu o termo "psicologia". Entretanto, apesar de Teresa ter sido fortemente influenciada pelo teocentrismo que dominava toda a Idade Média, ela não pertencia àquela época. Seu pensamento se mostra dominado por um antropocentrismo e um empirismo pouco habituais para sua época e, apesar da atmosfera teológica na qual ela vivia, sua atitude era acentuadamente psicológica: já naquela época ela era tão atual! Teresa havia rompido com o passado, era uma mulher inovadora. Se para a sua época Deus permanecia como o Centro do Mundo, em Teresa, tratava-se de Deus no homem.
Seu conhecimento sobre o homem sempre se inspirou na experiência da totalidade. Para Teresa, o cento da alma enquanto totalidade sempre foi uma evidência, sendo que, para ela, o ego pensante era apenas um dos componentes desta totalidade. Algo oposto, para Decartes, para quem o pensamento moderno se impunha como a única evidência indubitável; uma vez que, para ele, a realidade era a do ego pensante.
Teresa tem muitos méritos e compreendeu que pensar o homem apenas sob a perspectiva do eu dos instintos equivaleria a encará-lo em si mesmo. Teresa sempre pensou na totalidade e na integralidade e, em função de sua posição antropocêntrica, ela se situa entre os humanistas cristãos do Renascimento.
Salve Teresa, salve todas as mulheres que não se contentam com o vazio futil e hipnótico do consumo atual; salve todas as Teresas e todas as mulheres que querem construir, realizar, amar e deixar pelo caminho por onde andam, marcas de força e sabedoria.
obs.: No meu próximo curso sobre Filosofia da Espiritualidade, falarei sobre Santa Teresa de Ávila, esta grande mulher que, a partir de sua própria experiência de vida, traduziu-nos os mistérios da alma, de uma maneira pessoal, direta e em linguagem simples, apesar de simbólica. Venha conhecer Teresa! dia 31 de março, sábado, das 13h às 18h
Investimento: R$130,00 com 2 coffees-breaks e certificado para quem se inscrever antes da data.
Marc André da Rocha Keppe - e-mail: markeppe@usp.br
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