sexta-feira, 30 de março de 2012

Permissividade ou Limites em casa? O que você escolhe?


Ética e Limites na Adolescência


    Soubemos há pouco tempo desse caso que ocorreu em Curitiba-Pr. 
     Um adolescente, furioso com sua professora que lhe pediu uma lição de casa, postou uma série de xingamentos em seu Facebook.   
    Incontido pela fúria, o garoto não só publicou impropérios, como também disse que queria queimá-la. 
   Como o caso não é isolado, notamos cada dia mais, adolescentes em atitude de desafio, não observando as consequências de seu comportamento. No caso em destaque, o menino não só queria "queimar" simbolicamente a professora, por meio da mídia, como também queria "queimá-la" literalmente. 
   A atitude que o pai toma, recoloca as coisas em seu devido lugar. Ele pede que o menino se retrate e peça perdão à professora. Ele usa sua autoridade paterna para que a reparação possa ter seu lugar. 
   Quantos pais, entretanto, fazem vista grossa e deixam seus filhos à deriva, sem limites, ao sabor dos ventos, com liberdade para fazer o que bem entendem?
    Alguns pais acreditam que os filhos sabem o que querem; confiam que já são independentes o bastante para agirem em causa própria e, assim, vão deixando que vivam suas vidas com toda a liberdade. Só que alguns se esquecem de ensinar responsabilidade, até porque nunca estão por perto: seja em termos afetivos, seja em termos psíquicos ou físicos.
    Sim, alguns pais e mães agem diferente. Sabem que o adolescente ainda está em processo de amadurecimento e precisa de orientação.
   Impressionante também, tanto nesse adolescente quanto em outros, a opção pelo fogo para queimar e destruir tudo o que se opõe ao seu desejo de vingança.
   O que estamos acompanhando atualmente, são histórias em que adolescentes querem tudo no momento presente, no tempo presente, no agora, e o que desejam, muitas vezes não respeita o desejo, nem o limite do outro. É como se o presente fosse um
deus a ser cultuado, visto não existir um amanhã.
    É verdade, você tem razão. Alguns adultos também agem assim, são os chamados "adultescentes". Toda paciência para com estes.
    Sim, é possível que o adolescente tenha raiva e não goste da professora; mas o imprescindível é que ele aprenda - pouco a pouco - a sossegar um pouco. É preciso que ele aprenda a conter sua destrutividade. Tudo tem sua hora.
    Claro, nem todos os adolescentes são assim e, se lembrarmos de nossas próprias experiências do passado, vamos compreendê-los melhor e ver que - hoje - os jovens vivem em uma insegurança tão grande, diante de tantas escolhas possíveis, que essa angústia pode lançá-los de forma intensa no presente.
    Para piorar, muitos adolescentes fazem uso de drogas sintéticas em baladas, o que reforça ainda mais a experiência do presente, juntamente com a experiência da batida repetitiva de música,  que faz com que o agora fique ainda mais hiperpotencializado.
     Apesar de tudo, este pai soube aplicar as medidas de correção. Compreendeu a atitude predadora do filho como um S.O.S, um sinal de fumaça no ar, e soube interpretar esse sinal dentro do tempo certo. Mais que isso, ensinou o menino a pedir perdão. 
   Que homem surpreendente.
   Quantos  pais e mães, entretanto, aceitam a agressividade dos filhos e até a incitam, ensinando-os desde cedo a "não levar desaforo para casa" e a "ganhar vantagem em tudo"?
    O que está acontecendo? Parece-nos que o processo do pensamento está desaparecendo e, com ele, uma série de outras coisas muito importantes: a contenção da fúria em momentos de raiva; a atitude de protelar, de dialogar, de "deixar prá lá" para então decidir-se envolver em atitudes mais produtivas, como por exemplo, brincar, ler, conversar, dançar, e por que não? Estudar!
    Se podem ser extremamente trágicas para um adulto as consequências de um agir sem um prévio pensar, o que dizer então quando o sujeito de tal fatalidade é um adolescente? 
   Como pais e mães, o que podemos fazer em casa? É tão importante acompanhar o desenvolvimento das crianças desde cedo. Olhar para elas, para que elas se saibam existentes. Acolher sua força vital, seus ímpetos e, ao mesmo tempo, mostrar que para tudo há um jeito, que às vezes as coisas não são como queremos, que não podemos controlar tudo: ensinar a desenvolverem um pouco de calma em todas as situações, para que possam ter tempo para pensar e redirecionar sua energia quando as coisas não forem tão fáceis e agradáveis em suas vidas.
   É preciso também conversar e estar junto; colocar os limites necessários, mas também oferecer-lhes a oportunidade de conhecerem sua própria força e energia através do contato saudável em família.
   Alguns adolescentes, infelizmente, que não conheceram a autoridade de um pai e mãe amorosos, vão pedir, mais tarde, outros tipos de intervenção: força polícial ou decisão judicial. Na falta de um pai, um juíz para decidir suas vidas. 
   É importante estar atento e forte, mesmo quando tudo lá fora é mais urgente: as contas a pagar, as dificuldades profissionais e afetivas, as mudanças diárias a que todos estamos sujeitos.
   Todos somos responsáveis. Vamos ficar mais próximos de nossos adolescentes.

Rosana Luiza Destro Keppe
Psicóloga de crianças e adolescentes e adultos, com orientação psicanalítica winnicottiana.
Instituto Brasileiro de Transpsicanálise S/C Ltda.

    

notícia:
Professora ofendida pelo Facebook perdoa aluno que postou xingamento

Caso aconteceu em Londrina, no norte do Paraná; pai publicou retratação.
Aluno foi obrigado pelos pais a cancelar conta na rede social.

Do G1 PR com informações do Jornal Hoje
14 comentários
A professora de Artes Rosana Franco, que foi ofendida por um aluno no Facebookpor conta de uma lição de casa aplicada por ela, perdoou o aluno que postou os xingamentos. No texto, ele dizia inclusive que queria queimar a professora. “Óbvio [que perdoo]. É um adolescente. Isso foi um ato impensado”, diz.
O garoto estuda em uma escola pública de Londrina, no norte do Paraná. As ofensas publicadas por ele, rapidamente correram a cidade. Rosana conta ainda que se assustou quando soube dos comentários feitos pelo aluno.
A direção da escola chamou o pai do aluno para contar o que havia acontecido. Mesmo após pedir desculpas pessoalmente à professora, ele publicou uma nota em nome do filho, em um jornal da região, pedindo desculpas pelo ato. No texto, ele reconhece que a ofendeu e espera que o erro dele não seja repetido por outros colegas.
O adolescente ainda foi obrigado pelos pais a cancelar a conta no Facebook. Ele também parou de frequentar a escola por alguns dias.

Um Método Perigoso - novo filme de Cronenberg para se refletir sobre a interface psicossomática/psicanálise



Um Método Perigoso
Direção: David Cronenberg
Crítica de Inácio Araujo, Folha de São Paulo: 30 de março de 2012

   Para David Cronenberg, não existe doença mental - ou antes: toda dor psíquica tem uma tradução física. Basta ver a primeira cena de "Um Método Perigoso" para entender seu pensamento: uma mulher contorce-se dentro da carruagem que a leva até um hospital psiquiátrico.
   A doente é Sabina Spielrein e, quando começa seu tratamento com o dr. Jung, tratamento pela fala, nota-se com clareza ainda maior como se manifesta esta doença: na dificuldade de falar, nos retorcimentos agônicos do corpo, na sufocação que parece inscrita em seu olhar.
   Sabemos desde então por onde passará, no filme, tanto o encontro como o conflito entre C.G. Jung e Sigmund Freud: pelo corpo. O corpo contido, protestante de Jung. E o corpo inquieto, judaico de Freud - inquietude manifesta no olhar, no charuto.
   Haverá no meio outros corpos, mas o essencial é o de Sabina, cuja melhora a leva a tornar-se amante de Jung.
   Sabina - aliás uma futura psicanalista é, de início, um corpo em que a dor é produzida pela violência paterna.
   A moça transforma-se, com o tratamento, em corpo de amor, de prazer. Um prazer que não exclui a dor - Cronenberg parece ser o último cineasta a saber filmar cenas de sexo, isto é, de amor.
Sabina será também, ao menos no filme, o eixo do conflito entre Freud e Jung. Ela ama a Jung, mas entende melhor a Freud: é da resistência de Jung à abordagem da sexualidade por Freud que nasce a distância entre os dois homens.
   Se os filmes mais recentes de Cronenberg pareciam obra de um cineasta conformado; "Um Método Perigoso" o reencontra na trilha de autor irredutível ao cinema dos "bons modos". Podia-se temer que, ao abordar as relações entre um grupo de intelectuais, ele tivesse cedido ao "filme de arte".
   Seu "Método" prova que não, que é um cineasta do "filme de filme". E o que é próprio do humano, visto por Cronenberg, é o sofrimento, a agonia, o gozo: o perigo, enfim, de que essas aventuras intelectuais, a da psicanálise e a do filme, constituem uma demonstração.
   Por fim: se Cronemberg não esconde que sua simpatia científica pende para o lado de Freud (o que já é bem mais que nada, neste momento em que se acredita na cura não pela fala, mas por pílulas mágicas), não deixa de reconhecer o que há de poético no pensamento de Jung.

Vigo-Freud

Inácio Araújo, crítico da Folha de São Paulo -
Caderno "Ilustrada"
30 de março de 2012.
boa reflexão para estudos em psicossomática e psicanálise

quarta-feira, 28 de março de 2012

ALEXANDRIA - Quem é Deus - Hermes Trismegisto (séc.II d.C)


estátua de Hermes


Alexandria
Quem é Deus

Deus não é intelecto,
mas a causa do intelecto
Deus não é sopro,
mas a origem do sopro,
Deus não é luz,
Ele é o espaço
que se contém a si mesmo.
Incorporal,
incapaz de erro,
Impassível,
intangível,
Imutável em sua própria estabilidade,
contendo todos os seres
e os conservando na existência.
Seus raios são o bem e a verdade,
arquétipo do espírito,
arquétipo da alma.
Aquele que não é nada do que vemos,
mas a causa de tudo,
causa de todos.
e de cada um em particular.
A palavra - bom - somente a ele pertence,
ninguém pode usurpá-la,
nem os deuses,
nem os homens,
nem o demônio.
Deus é somente isso,
nada mais.
A amplitude do bem é tão grande
quanto a realidade dos seres.
Todos os corpos e também os seres incorporais,
os sensíveis como os inteligíveis,
estão contidos dentro dele.
Eis o que é o bem:
eis Deus.
Quem é Deus
Hermes Trismegisto (século II d.C)

terça-feira, 27 de março de 2012

14/4: Curso de Terapia Breve e Aconselhamento Multidimensional _ modelo integral Wilber


CURSO DE TERAPIA BREVE MULTIDIMENSIONAL NO MODELO INTEGRAL e
CURSO DE ACONSELHAMENTO MULTIDIMENSIONAL
Segundo Encontro no dia 14 de abril de 2012 - sábado.
Faça sua inscrição pelo telefone 9865-7868

  Muitas pessoas estão me ligando e escrevendo, desejando fazer o curso de Terapia Multidimensional ou Aconselhamento Multidimensional. A primeira aula, no dia 17 de março, teve a participação de  pessoas inteligentes e bem preparadas, que trouxeram um nível de discussão bastante elevado. 
    Fico contente em saber que muitas pessoas querem dar algo de si, querem deixar rastros de uma existência mais consciente e humana por onde passam. Isso é tão importante no acompanhamento terapêutico individual e em grupos: dar de si, escutar alguém e ser um instrumento que abre caminhos, trabalhando por um maior nível de consciência, de verdade, de ética e de respeito.
   Ainda dá tempo pra fazer o curso! A próxima aula é no dia 14 de abril, depois da Páscoa.
 Quem perdeu a primeira aula pode me ligar ou me escrever pois farei o primeiro encontro novamente. Através de sua ligação ou e-mail, combinamos a nova data, para o primeiro encontro, ok. 
 Explico também que o curso de Terapia Breve Integral e Multidimensional e o Curso de Aconselhamento apresentam o mesmo cronograma. Ambos seguem na linha do acompanhamento terapêutico nas mais diversas áreas e o diferencial é que o primeiro é para pessoas que têm nível superior, e o segundo é para profissionais de nível médio. 
  Caso alguém precise de mais informações sobre meu Curricullum Lattes, fique a vontade para entrar na Plataforma Lattes. www.cnpq.br. Sou psicólogo e psicanalista. Fiz meu mestrado na PUC-SP, no Departamento de Psicologia Clínica, na área de Psicossomática. Atualmente, estou cursando doutorado em Psicologia Social e do Trabalho na Universidade de São Paulo, no Instituto de Psicologia Clínica, com pesquisa na área da dependência nicotínica e validação do instrumento Teste Multifatorial de Avaliação do Tabagismo. 
   Minha linha de trabalho clínico envolve a psicanálise freudiana, com espaço para a teoria integral e multidimensional de Ken Wilber e os estudos sobre a transcendência e religiosidade humana.
   O programa do curso segue abaixo,

Um abraço outonal e integral,

Marc André da Rocha Keppe
(11) 3872-7572 markeppe@usp.br


Curso: Terapia Breve Multidimensional no modelo integral de Ken Wilber.
Curso com orientação transdisciplinar, com foco no modelo Integral de Ken Wilber e na Espiral do Desenvolvimento Humano de Claire Graves
 Finalidade: acompanhamento terapêutico nas mais diversas áreas

Coordenação Geral: Prof. Marc André da Rocha Keppe - (vide curricullum lattes: www.cnpq.br)
Duração do curso: 12 meses - aulas presenciais
Periodicidade:  um encontro por mês com a duração de 6 horas, em um sábado
 
Público: O curso se destina a profissionais de nível superior (médicos, psicólogos, psicopedagogos, sociólogos, filósofos clínicos e assistentes sociais, etc que desejem  aprofundamento e técnicas para acompanhar terapêuticamente pessoas e grupos. O curso também se dirige a  psicanalistas formados nos mais diversos institutos de formação,  que queiram dar prosseguimento aos seus estudos, obter aprofundamento em terapia breve e também aprimorar e seu trabalho clínico dentro das demandas da contemporaneidade, respeitando a integralidade do indivíduo em seus aspectos biopsicosocioecoespirituais.


O Curso de Terapia Breve tem forte embasamento no Modelo Integral de Ken Wilber e na Espiral do Desenvolvimento Humano de Claire Graves.As questões voltadas à filosofia serão embasadas nos estudos de Michel Foucault.
Os alunos estudarão  o modelo sistêmico e multidimensional. aplicado à terapia breve em situações que demandam suporte e acompanhamento terapêutico breve e focal.
Igualmente, o curso inclui  o estudo e a prática de técnicas  para a escuta e ressignificação das narrativas que os indivíduos trazem em seus contextos de vida, o que inclui o intercâmbio transdisciplinar com a psicanálise, a psicopatologia psicanalítica e a abordagem narrativa.

Envie seu mini curricullum. 


escreva-nos: mark@transpsicanalise.com.br;  rosana@transpsicanalise.com.br ou markeppe@usp.br

Telefones: (11) 3872-7572 ou (11) 9865-7868 
Consultório: Rua Augusta, 2676, cj 61 sexto andar - (quase esquina com Rua Oscar Freire). Bairro Jardins.
Local dos estudos: Rua do Bosque, 1589, cj 608, sexto andar, Edifício Palatino, Bairro Barra Funda - São Paulo-SP (próximo à Av. Marquês de São Vicente e ao Metrô Barra Funda)

Taxa de inscrição: R$50,00 
Mensalidade: 12 parcelas de R$200,00

Política de Descontos: 
a) O participante que trouxer um novo aluno, recebe 10% de desconto, enquanto este se mantiver matriculado no curso.
b) O aluno que participar do curso Terapia Breve Multidimensional, recebe 10% de desconto no valor do segundo curso que escolher, por exemplo, Curso "Filosofia da Espiritualidade".
c) Aposentados, com comprovação, recebem 5% na mensalidade.

Exigência: Envio de Curricullum Vitae Breve, cópia de diploma universitário, 12 horas de psicoterapia breve individual e entrega de monografia ou artigo científico, ao final do curso, para obtenção de certificado.

O curso oferece, a cada encontro, intervalo com coffee-break, apostila e certificado ao final do curso.
Obs.: Almoço e estacionamento não inclusos.

Encontros: Um sábado por mês, das 9h às 16h30,  conforme relação abaixo:
17 de março de 2012 (aula já realizada)



Próximas datas:

14 de abril de 2012

12 de maio de 2012

02 de junho de 2012

07 de julho de 2012

04 de agosto de 2012
01 de setembro de 2012
06 de outubro de 2012
10 de novembro de 2012
01 de dezembro de 2012
12 de janeiro de 2013
09 de fevereiro de 2013
.
Observação: As sessões de psicoterapia individual são realizadas com profissionais indicados pelo Instituto Brasileiro de Transpsicanálise S/C Ltda. e cobradas à parte do valor do curso.

31/ 3 :Curso: Venha estudar Santa Teresa de Avila


Curso: Filosofia da Espiritualidade com o tema:  Mistérios de Santa Teresa de Ávila
Mística e Psicanálise
31 de março de 2012
das 13h às 18h


Que contribuições Santa Teresa de Ávila pode trazer para a nossa vida no século XXI, aqui em São Paulo, esta cidade veloz na qual ninguém tem mais tempo para nada?

Que contribuições seus estudos e trabalhos escritos sobre a alma podem nos ajudar no nosso desenvolvimento psíquico, já que [psyquê], em grego, significa "alma"?

No final do mês, dia 31 de março, estou dedicando o período da tarde, das 13h às 18h para estudar Teresa de Ávila, primeira doutora e psicóloga a estudar a alma no período do Renascimento.

Antes de Freud, Adler e Jung, a tarefa do estudo da alma estava dedicada aos místicos.

Hoje, podemos pensar em um trabalho mais integral, mais voltado à totalidade, em estudos biopsicosocioecoespirituais, mas antes as coisas não eram assim, e não nos esqueçamos que existia a inquisição. Giordano Bruno morreu queimado vivo por suas idéias, ou seja, quantas pessoas admiráveis abriram caminho para que fosse possível se respirar novos ares.

São João da Cruz será o nosso próximo alvo de estudos, em abril, último sábado do mês.



Venha renovar-se com os estudos de simbologia e arquétipos da leitura de Castelo Interior, Moradas, de Santa Teresa de Ávila.


O local é na Rua do Bosque, 1589 - Edifício Palatino - Condomínio Lex Offices, cj 608 - sexto andar - Barra Funda - São Paulo - SP. Ligue-me para inscrever-se: (11) 3872-7572 ou 9865-7868. e-mail: mark@transpsicanalise.com.br.
Investimento: R$130,00 (seis horas/aula) com coffees-breaks inclusos e certificado.
Estacionamento não incluso.





A Alma do Cinema: reflexão de Federico Fellini

    
     "Acusaram-me de fugir à realidade e de refugiar-me no sonho.
     Penso que não se pode considerar a realidade como um panorama de uma superfície única, pois uma paisagem tem várias espessuras e, a mais profunda - aquela que somente a linguagem poética pode revelar - não é a menos real.
     Quero ir além da epiderme das coisas.
     Chamam a isso o gosto do mistério.
     Aceito de bom grado esta expressão, com a condição de escrevê-la com M maiúsculo. Não me refiro a certo mistério, cultuado por alguns, e que não passa de um sucedâneo poético com que querem salpicar a realidade. Para mim, este Mistério é o mistério do homem, as grandes linhas irracionais de sua vida espiritual: o amor, a salvação, a redenção, a encarnação... No centro dessas espessuras sucessivas está Deus que, para mim, é a chave dos mistérios.
     Creio que Jesus é não somente o maior personagem da História da Humanidade, mas que ele continua a sobreviver em todo aquele que se sacrifica pelo seu próximo.
     Ignoro os dogmas católicos. Sou, talvez, um herege.
     Meu cristianismo é bruto.
     Não frequento os sacramentos. Mas penso que a oração poderia ser considerada como uma ginástica que nos aproximaria cada vez mais do sobrenatural. Pratiquei-a antigamente. Agora, só sei rezar na hora do medo e da tristeza.
     É preciso saber rezar na hora da alegria.
     Entrevi o caminho certo da salvação.
     Antes, a religião era, para mim, uma simples suspeição da alma. Um dia, encontrei um anjo que me estendeu a mão. Segui-o. Mas, depois de ter dado alguns passos, deixei-o e voltei atrás. Ele, porém, permaneceu em pé, no mesmo lugar, esperando-me. Eu o revejo nos momentos de sofrimento, cada vez um pouco mais envolto em brumas. Eu lhe digo: "aspetta", "aspetta", como eu o faço com qualquer um.
     Receio que, um dia, eu o chame e não mais o possa encontrar.
     Mais do que Jesus, o anjo foi sempre aquele que me desperta do meu torpor espiritual.
     Quando eu era criança, ele era a encarnação de um mundo fantástico. Depois, ele se tornou a encarnação de uma urgência moral."


      
    






          
Federico Fellini, cineasta italiano
A alma do cinema

segunda-feira, 26 de março de 2012

Psicanálise: Meu trabalho cotidiano


Olá,
Estou deixando aqui uma pequena explicação sobre o trabalho desenvolvido pela Transpsicanálise. É uma síntese, porque cada cliente sempre nos traz o inédito e espera exatamente isso, uma palavra fresca, um alento; algo que faça a diferença num mar de repetições.


O que é Transpsicanálise?
A Transpsicanálise se define como uma proposta de trabalho psicanalítico que tem por objetivo integrar aspectos somáticos, psíquicos, sociais, ecológicos e espirituais no ser humano atual. 
O trabalho psicanalítico, através de um tipo de escuta diferenciada vai propiciar a investigação dos processos em ação no indivíduo,  a partir da qual se oferece acolhimento,   interpretação; as intervenções necessárias, quando necessário, bem como o  acompanhamento  de seu processo de vir-a-ser no mundo.
      A psicanálise, hoje, não visa mostrar ao indivíduo o seu processo edípico. Vai além disso, proporcionando meios para que o indivíduo reencontre seu rumo, redefina sua vida, ressignifique seus processos vitais e retome seu desenvolvimento psíquico.
     É nesse contexto que a Transpsicanálise encontra a matéria prima para seu trabalho diário: no contato com as pessoas em sua singularidade, em busca de desenvolvimento psíquico e um significado especial para as situações e a própria vida.
 Esse ouvir atento às sutilezas da subjetividade vem acompanhando a tendência de renovação que a Psicanálise, como um todo, tem apresentado nos últimos anos: basta que se tenha em mente o trabalho de Bion e de Winnicott, os quais, progressivamente, foram modificando a arquitetura inicial da Psicanálise de Freud - um tanto quanto dogmática e rígida em seus primeiros tempos - para um momento atual, em que se respiram novos ares; o que não deixa de trazer consigo a ética como elemento norteador de caminhos.
      Hoje, em momentos de maior diálogo, quando é visível e imprescindível a troca de saberes entre todos os campos que envolvem a experiência humana: do místico ao científico,  a psicanálise atual vê-se também  inserida num caldo de culturas, religiões e ideologias, dispondo-se a ouvir e a conversar com pessoas que buscam orientação e apoio. A grande maioria vivendo um paradigma de intensa gratificação consumista; à beira da  frustração e, ao mesmo tempo, procurando respostas para problemas sociais, como por exemplo,  violência e corrupção.
 É em meio a essa intensa busca que a psicanálise, como um todo, sobrevive até hoje e, dentro desse quadro, a Transpsicanálise pode se  definir como uma prática clínica bastante criativa; imersa em um espaço potencial onde se disponibilizam muitas possibilidades. Uma clínica que em diálogo com seu cliente, busca a reconstrução narrativa da verdade e da autenticidade dessa pessoa.
       Igualmente, enquanto prática psicanálitica, a Transpsicanálise recorre à antropologia e à filosofia, dentro do universo das ciências humanas,  para a compreensão mais plena deste ser complexo, que tem uma profunda necessidade de saber-se; de vivenciar o divino; de ter a capacidade de ser só e também de conviver dignamente, dentro de outras relações, além de crer e de relacionar-se com o sagrado dentro daquilo que lhe é peculiar.
        A Transpsicanálise não oferece uma agenda pronta, ferramentas de poder e controle, nem soluções fáceis, mágicas e imediatistas; igualmente, não disponibiliza caminhos anestésicos para que as pessoas fujam de seu destino humano. É necessário dizer que também não oferece máscaras para fins de auto-afirmação,  pois dentro de um mesmo caminho psicanalítico compreendeu que as pessoas só se tornam verdadeiramente o que são quando se abrem para a fragilidade inerente à sua condição humana.
   A proposta básica da Transpsicanálise é estar  junto com o ser humano em travessia, tendo o cuidado de acolher e respeitar o conteúdo trazido de suas peregrinações: sua dor, sua capacidade de aprender, de questionar, de ressignificar, de brincar, de conviver, de se transformar e vivenciar o sagrado.
         Nascida há doze anos, a Transpsicanálise vem desenvolvendo seu trabalho dentro de uma espiral evolutiva própria de sistemas abertos que visam o aprimoramento, a busca de verdade e de promoção de consciência em vários níveis do ser. Vale acrescentar que o seu objetivo é oferecer um trabalho que  respeite o ser humano  em seu processo de devir, dentro da busca de algo que transborde, atravesse e  acolha com todo o cuidado e dignidade que merece.


O que é Psicanálise?
          De acordo com Freud, "Psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo; um método para o tratamento de distúrbios neuróticos baseado nessa investigação e em uma série de informações psicológicas obtidas por esse meio, os quais gradualmente se fundem numa nova disciplina científica."
Freud, 1923 Enciclopédia Britânica
[cf. S.E., XVIII, "Dois Verbetes de Enciclopédia"]
        
          
Psicanálise é a abordagem criada por Sigmund Freud e desenvolvida por outros autores tais como Melanie Klein e Jacques Lacan. Esta abordagem utiliza o método de associação livre para investigação do inconsciente, definido por Freud como nosso "eu desconhecido". Freud, como médico neurologista vienense, principiou seus trabalhos com base no Racionalismo Científico. Ele acreditava que era importante, dentro do modelo positivista de Augusto Comte,  fazer uma Psicologia Científica, estudar um objeto com um certo distanciamento para quantificá-lo, explicá-lo dentro de bases empiristas. Assim, ele iniciou seu estudo do ser humano. Entretanto, houve uma grande mudança quando ele entrou em contato com o fenômeno transferencial em sua Teoria do Trauma. Ele viu que passou a lidar com uma outra ordem de realidade e mudou a forma de produzir conhecimento, que antes era toda embasada no empirismo/racionalismo. Constatou, então, que o ser humano interpretava todas os fatos que lhe aconteciam na vida a partir do próprio  desejo e que as pessoas realizavam transferências e significações a respeito de seu passado também de forma fantasiada, sem que houvesse uma causa real. Freud percebeu que havia uma interpretação da própria existência e da própria história, por parte de seus pacientes. Logo, não havia noções de causa e efeito, como a ciência positivista daquela época fazia crer.
          Dessa maneira, Freud entra em contato com o mundo da subjetividade de cada ser e  abandona a noção de causa e no lugar disso procurou trabalhar em torno do significado que cada pessoa dava à sua vida. Ele constatou que o modo como cada pessoa vive sua subjetividade e interpreta sua existência precisa ser compreendido. O universo de causa-efeito pertence às ciências físicas, mas o ser humano precisa lidar com o fenômeno da compreensão. 
          Assim, começou a mergulhar no campo da interpretação, criando conceitos e teorias a partir do que ia observando no psiquismo humano.
          A partir daí, nasceu a Psicanálise: um sistema aberto a novas construções que foi se remodelando e inovando com novos pensamentos, novas linhas, novas observações, tanto de Freud quanto de seus  colaboradores, estando em constante processo de construção, visto o ser humano trazer sempre o inédito, sempre novas surpresas em sua singularidade.
          Desta forma, a Psicanálise está sempre sendo revista e atualizada pelos psicanalistas contemporâneos.
           Freud deixou uma obra que não se fecha num universo de afirmações absolutas.
          Assim como o ser humano é inédito, mesmo em suas repetições, não havendo nada igual, a Psicanálise também comunga num universo de possibilidades onde a descoberta é algo contínuo. Questões existenciais se abrem para a análise a cada momento, numa contínua e saudável transcendência de si mesmo.
          Sendo assim e finalizando, pode-se dizer que a Psicanálise está assentada na noção de resistência, transferência e de contratransferência,  algo abre acesso ao inconsciente humano, através das palavras, dos esquecimentos, atos falhos, dos sonhos e até dos chistes.
          A Psicanálise fornece um conhecimento que jamais poderá ser usado como instrumento de dominação: ela é instrumento para atravessamento do ser.
          Pode-se dizer que a Psicánalise está em permanente questionamento e que, enquanto método científico promoveu uma ruptura marcante na produção de conhecimento: Freud rompe com paradigmas, sua ciência não mais se baseia em modelos antigos, mas no trabalho com a subjetividade do indivíduo; no conhecimento que é produzido a partir de duas pessoas: o analisando e o psicanalista que o escuta: participando, integrando, ressignificando conteúdos, buscando a Verdade do ser que aí está.  
Por que a Transpsicanálise estuda, também, questões ligadas à transcendência?     
          No livro "O Futuro de Uma Ilusão, O Mal-Estar na Civilização e outros trabalhos" (1927-1931), Freud, na página 81, fala de uma carta que havia recebido de um amigo. No livro "O futuro de uma ilusão", Freud trata   a religião como sendo uma ilusão. O amigo em questão dizia ter concordado com uma série de coisas, mas que lamentava Freud não ter apreciado a verdadeira fonte da religiosidade. Esse amigo, que mais tarde sabemos ser Romain Rolland, grande escritor da época, dizia que havia entrado, intimamente,  em contato com um sentimento que designava como uma sensação de "eternidade", um sentimento de algo ilimitado, sem fronteiras, "oceânico", e que seria a fonte da energia religiosa. Para Romain Rolland,  uma pessoa poderia chamar a si mesma de religiosa com fundamento apenas nesse sentimento oceânico. "No auge do sentimento de amor e de fusão com o outro e com a natureza, com o todo, a fronteira entre ego e objeto ameaçariam desaparecer" (página 83). O próprio Freud diz que seu amigo Romain Rolland disse-lhe que

"através das práticas de ioga, pelo afastamento do mundo, pela fixação da atenção nas funções corporais e por métodos peculiares de respiração, uma pessoa pode de fato evocar  em si mesma novas sensações e cenestesias, consideradas estas como regressões a estados primordiais da mente que há muito tempo foram recobertos. Ele vê nesses estados uma base por assim dizer fisiológica, de grande parte da sabedoria do misticismo. Não seria difícil descobrir aqui vinculações com certo número de obscuras modificações da vida mental, tais como os transes e os êxtases." Freud, 1927, página 91.

          
Observa-se que Freud, apesar de não ter vivenciado o "sentimento oceânico", visto para ele, um cientista, ser particularmente difícil trabalhar cientificamente com sentimentos,  ele não o negava em outras pessoas. Freud, em 1927, queria verificar como isso era interpretado e compreendido na vida do indivíduo; se em termos de fonte e origem do processo de religiosidade ou se de outras maneiras. Ele fala sobre esse fato em cartas a Fliess, outro colega psicanalista e médico.
            O médico Viktor Frankl relatou sua experiência em campos de concentração durante a guerra, enfatizando que sobreviveram aqueles que acreditavam que suas vidas tinham um sentido.
          Nas experiências transcendentes experimenta-se o sentimento oceânico, o estar em contato mais íntimo com a natureza; muitos místicos relatam sentirem-se unos com o cosmos.
           "Bergson, em As duas fontes da moral e da religião, escreveu sobre o que é a mística. Neste texto ele nota que se trata, antes de tudo, de uma experiência particular, que não envolve interpretação:
          
"Os verdadeiros místicos, escreve, simplesmente abrem-se à corrente que os invade. Seguros de si mesmos, porque sentem em si alguma coisa melhor que eles, revelam-se grandes homens de ação, surpreendendo aqueles para quem o misticismo é somente visão, transporte, êxtase. O que eles deixam correr dentro de si mesmos é um fluxo descendente que gostaria, através deles, de chegar a outros homens. A necessidade de espalhar em torno de si o que receberam, eles a sentem como um elã de amor" . (Bergson, 1937, p. 101)
             
Assim, para Sophie de Mijolla-Mellor, no livro A Necessidade de Crer, "ao contrário, o êxtase místico, quando se confunde com o delírio, ou não produz ação ou movimento em relação ao outro, ou se perde em uma tentativa de auto-explicação que se organiza em uma lógica delirante. Portanto, não é a partir da própria vivência do êxtase que é possível falar ou não do delírio, mas em função do que essa vivência alimenta e produz, entusiasmando outros sujeitos e despertando neles o mesmo eco, de alguma maneira.
                
Lendo os poemas de Rumi, poeta sufi,  por exemplo,  pode-se ter um vislumbre dessa experiência do divino. Santa Teresa D´Ávila também experimentou o sagrado em sua experiência terrena.
              No entanto, há outros significados para o termo transcendência. O ser humano é transcendência quando se abre para o outro e para o Outro Absoluto. Podemos dizer também que há pessoas que vivem uma experiência de auto-transcendência de acordo com as idéias de Viktor Frankl, não mais vivendo em torno de si mesmas, num engrandecimento narcísico, mas em busca desse outro que lhe mostra a face, cotidianamente. Há também a experiência de  superação de  obstáculos, que promove crescimento, transformando a existência em algo mais profundo e satisfatório. O ser humano não pode viver só para si. Ele vive para a experiência de transcendência.
               A espiritualidade, como se vê, difere de religião e pode emergir em diversos contextos, inclusive na vida de alguém que não professa uma fé: um ateu, por exemplo. Um psicanalista atento e cuidadoso saberá cuidar desse registro, sem reducionismo.
          

A Transpsicanálise oferece tratamentos psicanalíticos com base em rituais ou práticas mágicas?
         Não.
       A Transpsicanálise, respeita e estuda antropologicamente a busca do sagrado na vida das pessoas, oferecendo uma escuta clínica psicanalítica que, ao lado de tantas outras questões, como o trabalho, o estudo, os relacionamentos, as finanças, a família, enfim;  também  aborda as sutilezas  da espiritualidade e da religiosidade da pessoa humana. A Psicanálise vê a pessoa como sujeito ativo em sua própria vida e  tem por objetivo dar-lhe  voz,  conscientizá-la e responsabilizá-la por sua ação no mundo.
        
Quais autores fundamentam a Transpsicanálise?
          A Transpsicanálise, enquanto escola pluralista,  encontra fundamentação no pensamento psicanalítico construído ao longo do século XX por  Freud, Lacan, Winnicott, Bion, Klein, entre outros.
          Muito de sua renovação filosófica advém do pensamento de Martin Heidegger, estudiosos do fenômeno humano da transcendência e de Ken Wilber, filósofo norte-americano.
           As investigações mitológicas de Joseph Campbell e os estudos antropológicos de Claude Lévi-Strauss, Mauss e Margareth Mead norteam suas pesquisas sobre o ser humano.
        A Transpsicanálise também se baseia nas idéias do psicanalista francês Jean Bergeret para a compreensão da psicopatologia humana.
        Definindo-se como um sistema aberto, em constante construção, exatamente como o próprio Freud via a psicanálise em seu início. Igualmente, a Transpsicanálise abraça as idéias do filósofo Ken Wilber, pela proposta de trabalho sistêmica, integral e multidimensional junto ao ser humano.
A Transpsicanálise aceita a busca da Espiritualidade como algo legítimo no ser humano?
         Sim. A Transpsicanálise considera a espiritualidade como algo válido na vida de uma pessoa. Consultando Donald W. Winnicott, importante psicanalista inglês, encontramos este texto:
"É necessariamente perigoso que o analista tenha em mente a idéia de que o Deus do paciente é um 'objeto fantástico'. O uso desse termo levaria o paciente a sentir que o analista está desvalorizando o seu objeto bom, não sendo esta a sua intenção. Creio que algo similar pode ser dito sobre a análise de um artista quanto às fontes de sua inspiração, e também sobre as pessoas internas e os companheiros imaginários a quem os nossos pacientes por vezes nos apresentam".
                                                                     Winnicott (1958), "Da Pediatria à Psicanálise", 2000, p. 204
Outro texto que traduz o pensamento da Transpsicanálise, nas palavras de Winnicott:
"...sobre o que versa a vida? Podemos curar nosso paciente e nada saber sobre o que lhe permite continuar vivendo. Para nós é de suma importância reconhecer abertamente que a ausência de doença psiconeurótica pode ser saúde, mas não é vida".
                                                                         Winnicott (1971), "O Brincar & a Realidade", 1975, pp. 138-139.
Que técnicas seriam utilizadas na clínica transpsicanalítica?
          Dentro do trabalho psicanalítico, o psicanalista oferece uma escuta participativa que envolve registros verbais e não verbais do indivíduo, momento este em que são elencados seus conceitos diante da vida, a estruturação de seu ego, seus limites, crenças, etc. O psicanalista, em seu trabalho, busca um acesso ao inconsciente do seu paciente, através das pistas que ele, distraidamente, vai deixando transparecer. O psicanalista, ao fazer a leitura do inconsciente de seu cliente, leva-o à conscientização, consequente responsabilização por seus atos na sociedade, redirecionamento, entendimento.  Não há uso de hipnose ou tabelas determinísticas, que tiram do indivíduo sua responsabilidade pela sua ação no mundo. Aliás, indica a leitura do texto "O Psicanalista e o Feiticeiro" do revolucionário antropólogo, Claude Levy Strauss.
          Como para Freud, a palavra é considerada um bisturi, uma ferramenta, um instrumento terapêutico inserido num amplo espectro de consciência,  as técnicas utilizadas  são elementos para um ingresso possível nos níveis transcendentes, onde a pessoa se descobre sem máscaras, e tem a possiblidade de se enxergar e respeitar o outro em seu caminho., uma vez que o inconsciente é visto também dentro de um ponto de vista ético, não sendo desculpa para desvarios.

 
Há diferença entre psicanalista e psicólogo?
Psicoterapeuta, Psicólogo, Psicanalista e Psiquiatra são a mesma coisa?
Como reconhecer um psicanalista na hora de buscar um atendimento para si mesmo ou para um familiar?
Em nossos atendimentos telefônicos, ouvimos todas essas perguntas, o que nos mostra que atualmente as pessoas estão precisando de esclarecimento sobre o trabalho da Psicanálise no dia a dia. Então recomendamos, para quem gosta de ler, o livro de Elisabeth Roudinesco "Por quê a Psicanálise?".
Aproveitamos este espaço para oferecer alguns esclarecimentos. O psicólogo é o profissional que se submeteu a estudos acadêmicos em nível universitário, estudando por 5 anos. Ele está ligado ao Conselho Regional de Psicologia - CRP. Caso alguém se diga psicólogo, peça o número de seu CRP e faça uma consulta junto ao Conselho Federal ou Regional de Psicologia. Há muitas abordagens em Psicologia: Gestalt, Humanista, Cognitiva Comportamental, Psicanálise, entre tantas outras.
O Psicanalista é um profissional de nível superior que se submeteu a uma Formação em Psicanálise. Nessa formação ele também se submeteu a uma escuta psicanalítica feita por um psicanalista mais experiente. A Psicanálise trabalha fundamentalmente com a noção de inconsciente. O psicanalista vai fazer a leitura do inconsciente através daquilo que o indivíduo, apesar de suas defesas e resistências habituais, deixa transpassar nas sessões:   esquecimentos, atos falhos, lapsos de memória, sonhos, sintomas,  idéias repentinas que surgem ao indivíduo durante a sessão, tiques, manias, etc. Através de uma escuta flutuante, o psicanalista vai dando consciência ao indivíduo, vai ajudando-o a construir-se como sujeito.
A Psicanálise fundamenta-se em alguns princípios básicos:  inconsciente, recalcamento, complexo de édipo, sexualidade, e  transferência no tratamento psicanalítico.     O Psicanalista ortodoxo trabalhará em cima destes critérios. Outros psicanalistas considerados criativos, como Winnicott, não aceitam a pulsão de morte e, lado a lado com a proposta freudiana, trabalham em profundidade a questão da objetividade e do fator ambiente na vida do indivíduo, realizando um trabalho sério e altamente científico, ao lado das questões subjetivas, buscando amadurecimento e integração. De qualquer maneira, a psicanálise já não se define mais como um trabalho elitista, caro e demorado. Há propostas de psicoterapia psicanalítica breve em contextos sociais interessantes.

Quem é o psicoterapeuta?
Psicoterapeuta é um título que abrange todas as modalidades de trabalho na esfera psíquica. Este profissional pode ter formação na área da psicologia, da psiquiatria, da psicanálise ou da psicopedagogia. 


Jung é um psicanalista? Um psicanalista pode usar predominantemente técnicas junguianas?
Não. Jung, psiquiatra suiço, foi o criador da Psicologia Analítica. No Brasil, são junguianos, os profissionais portadores de diploma de Psicologia ou Medicina, com especialização/formação em estudos junguianos. Jung foi psicanalista por um período e colaborou com muitas descobertas de Freud. Deixou de ser psicanalista quando seguiu seu caminho próprio dentro da Psicologia Analítica. Um ponto de discórdia entre Freud e Jung está relacionado ao um dos pilares da psicanálise: a teoria da sexualidade, pois Jung não a aceitava. Há outros motivos que levaram Jung e Freud a seguirem seus próprios caminhos e isso você pode saber com mais detalhes consultando o livro "Jung, uma biografia", de Deirdre Beair. Assim, consultando um profissional que se diga junguiano, verifique se ele tem embasamento na área e se tem formação superior em Psicologia e/ou Medicina e especialização em Jung. Isso fará diferença à sua saúde e ao seu desenvolvimento psíquico.O que a Transpsicanálise tem a dizer sobre o modelo integral de Ken Wilber?
          Ken Wilber é considerado o mais importante pensador a integrar a psicologia ocidental com as tradições religiosas orientais.
         Wilber analisa de forma clara e sucinta o cisma entre a ciência e a religião, bem como o impacto dessa "guerra fria" filosófica sobre o destino da humanidade. Além disso,  Wilber  também é um pensador inovador, extremamente sério e rigoroso.  Em seus estudos, Wilber nos fala sobre a sua Abordagem Integral em relação  à espiritualidade e discorre sobre níveis de transcendência, da saudável à doentia.
          Wilber é um autor importante  que deve ser estudado, principalmente hoje,  numa época em que muitas pessoas, em seu desespero, buscam a cura no mágico, rendendo-se a pseudo-profissionais que apenas se interessam por poder e  dinheiro, pouco se importando pela saúde mental daqueles que atendem.
          Ken Wilber  faz parte dos estudos de Transpsicanálise, pela sua credibilidade nos meios acadêmicos, pela seriedade com que fala de Psicologia e Espiritualidade e pelas contribuições que podem oferecer a sua Abordagem Integral à prática clínica psicanalítica.


Observação ao público: 
Não mantemos orkut ou twiter na internet e, enquanto instituição, não nos responsabilizamos pelas publicações na internet e pelo trabalho de pessoas que, sem o curso de formação em psicanálise, se auto-intitulam psicanalistas vinculados à Transpsicanálise; utilizam o nome de nossa diretoria para validar suas técnicas e, junto aos seus clientes, utilizam práticas não científicas envolvendo indução a transes mediúnicos, "viagens astrais", uso de substâncias psicoativas ilegais como ayauaska, entre outras práticas estranhas à psicanálise. Tais pessoas divulgam tais trabalhos a título de "desenvolvimento espiritual com discernimento, em interface com a psicanálise".
 Igualmente, solicitamos às pessoas que se utilizam dos serviços desses supostos "profissionais" que utilizam a psicanálise de uma forma "selvagem" com vistas ao próprio narcisismo,  que mantenham um contínuo questionamento, visto que tais técnicas, ao invés de trazerem desenvolvimento psíquico e integração, ao contrário, provocam dependência bem como podem provocar dissociações e danos psíquicos, como por exemplo,  surtos psicóticos, muitas vezes de natureza irreversível.

Símbologia em Santa Teresa de Ávila: preciosidades



Curso Filosofia da Espiritualidade: Mistérios de Santa Teresa de Ávila
31 de março de 2011 - das 13h às 18h 
A borboleta que sai do casulo é um dos símbolos teresianos e mostra a transformação à qual podemos dar início em nossa vida mais profunda.

Pensamentos de Santa Teresa de Ávila


"Pode-se considerar a alma como um castelo composto inteiramente de um único diamante ou de um cristal muito puro, e que contém muitos compartimentos, tal como o céu que encerra muitas moradas"

"Não deveis considerar estas moradas como se elas fossem dispostas uma depois da outra e em fila".

"Falei de sete moradas somente. Mas cada uma delas contém muitas outras, e estas se encontram embaixo, no alto e dos lados. Cada morada tem uma infinidade de compartimentos: "Eis por que vos digo para considerar que elas encerram não apenas um pequeno número, mas uma infinidade de compartimentos. Existem moradas em todas as direções: em volta e em cima - uma infinidade de moradas... ou partes... Estas moradas são tão numerosas e tão resplandescentes...

Livro das Moradas

"Parece-me que um dos maiores consolos existentes sobre a terra deve ser o ver que somos úteis às almas."
Cantares VII-6

"Eu sabia muito bem que tinha uma alma; mas o que era esta alma?"
Camino XXVIII-11

"Só a alma para satisfazer os desejos da alma"
Correspondência, Carta LXV - 3 de dezembro de 1574

Curso na Unidade da Barra Funda - Rua do Bosque, 1589 - cj 608 - sexto andar - Barra Funda - SP (Próximo Metrô da Barra Funda) - próximo à Av. Marquês de São Vicente
inscrições no fone (11) 3872-7572 ou 9865-7868
Investimento: R$130,00 (seis horas/aula)
O curso inclui coffee-break e certificado
estacionamento não incluso.